quarta-feira, 19 de março de 2008

Real de Beja protesta contra homenagem a regicida

Os monárquicos de Beja insurgiram-se através de carta enviada ao presidente da Assembleia Municipal de Castro Verde contra o programa evocativo do primeiro centenário do regicídio que a autarquia decidiu promover através de uma homenagem a Alfredo Luís Costa, um dos envolvidos no assassinato do rei D. Carlos I e do príncipe herdeiro Luís Filipe, na tarde de 1 de Fevereiro de 1908.

A Real Associação de Beja, RAB, manifestou o seu "repúdio" contra a atitude de "alguns poucos castrenses de quererem hoje transformar em heróis energúmenos e traidores" com um gesto expresso através do descerramento de uma lápide na casa onde se presume tenha nascido Alfredo Luís Costa, natural da freguesia de Casével, no concelho de Castro Verde.

José Gaspar, presidente da RAB, diz não compreender como se pode homenagear alguém que matou um "rei constitucional, defensor do parlamentarismo, que tão bem promoveu e honrou os valores da liberdade e da democracia", comparando esta atitude com a "maneira democrática e civilizada" como "muitos ilustres republicanos" assinalam o "hediondo crime".

A Câmara de Castro Verde dinamizou um programa evocativo da República, com iniciativas que decorrerão de Janeiro de 2008 a Outubro de 2010 e que assinala o primeiro centenário do regicídio. Fernando Caeiros, presidente da autarquia alentejana, explicou que o regicídio foi "uma etapa fundamental para a implantação da República, a 5 de Outubro de 1910, e um elemento fulcral para a construção do Portugal moderno". O autarca lembra que a morte de D. Carlos e de um dos seus filhos teve entre os seus mentores Alfredo Luís da Costa, "motivo pelo qual o concelho de Castro Verde se encontra intrinsecamente ligado à história do acontecimento". No entanto, Caeiros diz que "ninguém vai gritar "morte ao rei"". "[O regicídio] foi um acto que não merece o nosso apoio, mas que ao mesmo tempo não nos deve envergonhar [por ter sido um] momento determinante [para a República]", frisou.
Num comunicado emitido a propósito da efeméride e onde a autarquia divulga o programa evocativo da República, chama-se a atenção para o "esquecimento" em que as comemorações do 5 de Outubro têm caído, "desvalorizando-se, desta forma, todo o trabalho de transformação social" que este momento de grande importância histórica trouxe ao Portugal dos princípios do século XX. Caeiros completa este ponto de vista, dizendo ser importante do ponto de vista social e cultural "uma reflexão sobre os acontecimentos" de 1 de Fevereiro de 1908.

1 comentário:

Anónimo disse...

Se a memória não me falha,o actual presidente da Câmara de Castro Verde foi professor,então eu pergunto:

Que lições de cidadania, dava esse senhor aos seus alunos?