terça-feira, 5 de agosto de 2008

"Não sabem História…" por Dom Vasco Teles da Gama

Em período de recessão e crise no mundo ocidental em que estamos geograficamente inseridos, seria desejável e normal que a população cerrasse fileiras com os seus dirigentes, com vista a superar as dificuldades e proporcionar aos vindouros um futuro mais promissor e sustentável. Vimos, porém, assistindo, pelo contrário, a uma agitação corporativa em que cada grupo reclama mais para si próprio, alheio ao rasto de miséria que as regalias que exigem possa provocar no orçamento dos restantes Portugueses.

Como é que a quase centenária república nos conduziu até este estado? Com a irresponsabilidade de uma classe política que, condicionada por ciclos eleitorais de quatro anos, os consome legislando furiosamente para "mostrar serviço", enquanto os governos passam dois anos em campanha eleitoral, procurando agradar a gregos e troianos em lugar de governar, tentando assegurar a continuidade no poder. Ficamos, assim privados de um programa de regeneração impossível de concretizar em prazos de dois anos. Dão-nos ainda o exemplo de despudorada promiscuidade, entrando para a administração de empresas que estiveram sob sua tutela, mal abandonam os cargos políticos. Deixaram alastrar a incompetência e a corrupção na administração pública, especialmente nas autarquias, de que é recente exemplo o que se passou em Lisboa, onde ardeu um prédio devoluto na Av. da Liberdade, com projecto de remodelação entregue na Câmara há dois anos.

O desígnio nacional que nos venderam como um futuro "Brasil" da adesão europeia trouxe-nos, porque em Bruxelas fomos escolhidos para consumidores de excedentes agrícolas de outros países, uma desastrosa política agrícola comum, que subsidia o pousio das nossas terras, forçando-nos agora a pagar mais pelo que comemos, em virtude do aumento dos combustíveis.
As alterações legislativas com o objectivo de reduzir despesas prisionais, traduzem-se na rua por um aumento da insegurança, com roubos por esticão, marcos de correio selados devido a assaltos, pilhagens à mão armada a estações de serviço e até a caixas de parques de estacionamento, ajustes de contas na rua e até brigas entre vizinhos resolvidas a tiro nas ruas, enquanto as forças da ordem, certamente a mando dos políticos, se afadigam a penalizar os únicos criminosos que compensam, multando automobilistas.

Para apresentação de melhores resultados estatísticos no sucesso escolar, o Ministério da Educação (que deve ser irónica alcunha), publica exames mais fáceis, indiferentes ao facto de terem entre mãos os nossos futuros dirigentes.

Enfim, paira pelo País um sentimento de profundo descrédito no regime, de que os políticos são, como foram já em 1910 e em 1926 os principais responsáveis e não temos uma instância superior que os discipline e nos congregue para, juntos, enfrentarmos as dificuldades. O Presidente, por muito honesto que seja, vive enredado no dilema de colaborar institucionalmente para ser reeleito com o apoio do governo, ou ver-se por este acusado de força de bloqueio e conluio com a oposição, ficando assim com uma muito reduzida margem de intervenção.

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