quinta-feira, 6 de maio de 2010

O Rei que luta para manter a Bélgica unida

Recentemente tentou evitar a demissão de Yves Leterme, mas o primeiro-ministro acabou por abandonar o Governo. Impedir divisões no território belga é a sua prioridade

"Juro respeitar a constituição e as leis do povo belga, manter a independência nacional e a integridade do território." Cumprir o último ponto do juramento que fez em 1993 não tem sido tarefa fácil para Alberto Félix Humberto Teodoro Cristiano Eugénio Maria. Os sete nomes deixam adivinhar facilmente de quem se trata: Alberto II, sexto Rei dos Belgas, filho de Leopoldo III e da princesa Astrid da Suécia.

É precisamente pela integridade do seu país que este monarca de 75 anos tem lutado, desde que há 17 sucedeu no trono ao seu irmão Balduíno.
As diferenças culturais e linguísticas acentuadas que existem na Bélgica têm séculos de existência, mas a situação tem-se agravado nos últimos anos. A revisão constitucional de 1970 resultou na criação de três comunidades que se mantêm até hoje: a comunidade flamenga, a francesa e a alemã.
Foram disputas relacionadas com direitos linguísticos, entre flamengos e francófonos da região de Bruxelas que levaram o primeiro-ministro, Yves Leterme, a demitir-se no passado dia 22. O monarca ainda apontou o ministro das Finanças como mediador para tentar travar a crise política, mas a iniciativa fracassou. Restou-lhe aceitar a saída de Leterme.

Mas esta não é a primeira vez que Alberto II , que fez carreira na marinha, enfrenta a demissão deste ministro. O seu reinado tem sido, aliás, marcado por um vaivém de chefes de governo.

O domínio da arte da diplomacia é algo que não pode faltar a este pai de três filhos, mas não se pode dizer que o respeito pelo protocolo tenha nascido com ele.
Durante a juventude teve uma paixão por motas que o levou, muitas vezes, a ser mandado parar por excesso de velocidade pelas autoridades, que acabavam por descobrir o príncipe de Liège por baixo do capacete.

A irreverência era também uma das características da jovem Paola Ruffo di Calabria, uma aristocrata italiana de linhagem real por quem o Rei se apaixonou durante a cerimónia de entronização do Papa João XXIII. Alguns meses depois, em Julho de 1959, estavam casados.
Mas, muito antes de subir ao altar, o monarca enfrentou uma infância conturbada. A mãe deste descendente da dinastia de Wettin morreu num acidente de viação na Suíça pouco depois de Alberto II ter nascido, deixando a nação de luto.
Também a Segunda Guerra Mundial afectou a vida do, na altura, pequeno príncipe. Em 1944, a família real é levada para a Alemanha a mando de Hitler, sendo libertada no ano seguinte pelas tropas norte-americanas.

Divergências existentes entre o povo belga e a monarquia acabaram por manter a família exilada na Suíça durante cinco anos.

No dia em que fez dez anos, a 6 de Junho de 1944, iniciou-se o desembarque das tropas aliadas na Normandia, que acabaria por conduzir ao fim da ocupação alemã na Bélgica. O 76.º aniversário de Alberto II está próximo, mas desta vez não é contra uma ameaça externa que a Bélgica precisa de lutar.

2 comentários:

Anónimo disse...

Pertenci vários anos à Real Associação de Évora que ,entretanto e BEM,teve ordem de extinção devido às "traições" de alguns dos seus dirigentes.Nunca pactuei com essas "traições".Sempre fiel ao Senhor Dom Duarte.
Gostaria de saber como me posso filiar na R A de Beja.
Cumprimentos.
Se possível digam-me mail para contacto posterior.

Comendador Castro disse...

É um prazer.
Mail para contacto posterior: henriquefigueira79@gmail.com